canteiro da frente da casa tomando forma |
Talvez porque tenha crescido em casas grandes e tenha me dado aquela sensação de imensidão e liberdade, e só fui morar em apartamento aos 14 anos de idade na adolescência, quando o que me interessava era ampliar meu círculo de amizades, expandir meu 'network', conhecer pessoas, viver minha juventude sem pensar no futuro.
A segunda casa que morei (dos 6 aos 14) foi uma enorme casa de madeira na Visconde Duprat, 68 em Porto Alegre, creio que tive a infância mais feliz que muitos por ai, por ter nascido na capital do Rio Grande do Sul, mas numa época de pouquíssima criminalidade, e as casas não tinha grades e nem sistemas complicados de segurança, tínhamos um pastor alemão, chamado Diana, e só. Impossível pois não recordar tudo isso com saudosismo, por causa do quintal, jardim, do imenso pomar, escadarias a bela e imponente fachada lá no alto, apesar de às vezes estar melancólica e pensativa, e gostava muito da companhia de livros. Achava que a infância não era lá aquela alegria que os adultos falavam, e um tanto solitária pois só tinha irmãos homens, e pouquíssimas primas e nenhuma de minha idade pra brincar.
O terreno era gigantesco e a casa ficava no alto como já falei, parecida com a casa do filme Psycho (Psicose no Brasil), mas a nossa tinha uma fachada bem larga, e uma calçada imensa. adentrando o portão tinha uma escada com dezoito degraus...e depois se passava por um caminho de pedras e mais uns 6 ou 8 até chegar na varanda de alvenaria, e na varanda a vista era magnânima pro "morros" de Porto Alegre completamente VERDES, o que infelizmente não é o que se vê hoje em dia segundo esse vídeo abaixo, que diz que dentro de 50 anos eles não terão mais nenhum verde.
Meu querido pai teve a sorte de ter um cunhado português o tio Manoel que era corretor de imóveis, casado com a Tia Maria (única irmã de meu pai), tia magra, esguia e elegante, e achara aquela pérola pra ele, aliás pra nossa numerosa família e lá no alto à pedido de minha mãe, porque ela já sofrera problemas com enchentes/inundações quando morava na rua Barão do Amazonas na parte plana, entre o bairro Petrópolis e Jardim Botânico, nos anos 50, e eu ainda não era nascida, que ficava perto do arroio do Ipiranga na famosa Avenida Ipiranga de Porto Alegre, que se assemelha com as marginais de São Paulo, cortando boa parte da cidade.
A casa era mista mas primordialmente de madeira, e tinha uma porta de estrutura de ferro, madeira e vidro crespo todo trabalhado com ferros também trabalhados na entrada principal. No alpendre tinha duas entradas, a principal e a lateral que dava para o quarto de meus pais e esta porta raramente se abria e claro, o lado dos fundos da casa com a lavanderia (coberta), um pátio acimentado e mais uma escada, também era outra entrada, sem portas nas laterais da casa.
Mas não quero falar da casa em si, quero falar do quintal, jardim e pomar, superficialmente porque assunto é o que não me falta referente as 'aventuras' naquele endereço que guardo na minha memória com muito carinho.
Apesar do pomar ter quase todas as frutas possíveis e imagináveis (figo, 4 abacateiros, bananeira, pereira, bergamoteira, tangerina, laranjeira, parreira, pessegueiro, fora a pequena horta com tomateiros, xuxu 'na cerca', temperos, etc etc.
Tínhamos também uma pequena pitangueira ao lado direito da casa, que era mais estreiro que o lado esquerdo, onde estava situado o jardim lateral, mais imponente e variado, e a fachada com aquelas plantas gigantes cactus, ilustrando o paisagismo típico de grandes jardins de casarões do início do século passado. Tínhamos muitas hortências (que funcionavam como muro, típicas no Rio Grande do Sul), margaridas, e várias flores que juro...não sei o nome, mas não tínhamos nenhuma ROSEIRA. Sonhava que um dia teria uma roseira...
pintando de verde, já estava na minha cabeça |
Na vida adulta, nunca fui muito de jardinagem, principalmente porque nunca tive tempo e interesse e porque morei anos em apartamentos, apesar de ter uma plantinha aqui e acolá, plantas de interiores, flores em vasos, cactus, etc. Uma vez fui na Holambra (perto de Campinas) já com meu marido holandês e voltamos com o carro cheio de plantas vasos de cimento, parecia a Amazônia, e assim comecei a virar holandesa de verdade, ainda no Brasil.
esses bulbos de tulipas comprei em outubro do ano passado, era pra ter plantado até janeiro, plantei em março, fazer o que? |
o que não páro de comprar é terra fertil pra potes e canteiro, tudo na base da bicicleta |
se eu pudesse compraria potes maiores, mas é impossível carregar na bicicleta |
Na Holanda minha vida mudou, sempre morei em casa, aliás no primeiro ano num prédio de 300 anos todo reformado com 2 apartamentos, mas não prédio moderno e tinha um terraço na parte de trás que dava para outros terraços e telhados antigos da minha cidade.
Se pudesse teria uma casa enorme com um jardim maior ainda. Mas é muito difícil morar no centro da cidade e ter um jardim grande, devo me confessar afortunada e grata.
Eu tenho pátio nessa casa nova, e estava completamente 'careca', tenho menos sol que na casa anterior, ele não cobre o pátio todo, mas na primavera começa a ficar ensolarado parcialmente às 10 da manhã e lá pelas quatro tenho ainda um restinho de sol, sendo que o sol aparece mais na parte da frente, no térreo, no primeiro andar, e no segundo...mas também não dura muito tempo por causa do prédio antigo e razoavelmente alto na frente do meu, ou seja, eu tenho que ser feliz no horário que o sol brilha no quintal e quando não brilha, também não acho ruim, pois às vezes na Holanda tem uns dias quentes demais, e aqui o calor é abafado, difícil de explicar pra quem não conhece valor desses insuportáveis como na região amazônica.
também no supermercado eu compro umas plantinhas que não duram muito, mas alegram os meus dias... |
tinta pra madeira de exterior, comprei a cor Quenia, cheguei em casa achei muito 'cheguei' ai misturei com preto e deu o tom correto do vermelho que queria, e dá-lhe fita crepe |
Semanas atrás plantei as duas primeiras roseiras, na parte de trás, e tenho vários potes com tulipas, plantei também tulipas no chão, e tenho vários hibiscus plantados na casa velha em potes que trouxe. Sábado passado fizemos um canteiro na parte da sombra e plantei 5 tipos diferentes de plantas e flores, e comprei mais 5 lavandas, duas serão plantadas entre as roseiras. E 3 foram plantadas no canteirinho pequeno da parte fronteira da casa, junto com 5 roseiras e dois arbustos...
Minha idéia é ter uma pergola então plantei as duas roseiras com uma certa distância para que no futuro possa colocar a pergola e as roseiras poderão crescer acompanhando a pergola, se bem que as rosas que comprei não são altas, dizem a etiqueta. A variedade de rosas e nomes é absurda.
essa cadeira ainda quero lixar e pintar, talvez de branco...ai alguns apetrechos de jardinagem |
Apesar do quintal ser pequeno, vejo um potencial bem grande nele...ainda quero plantar umas clematis (trepadeiras com flores grandes lindas) e tenho mais duas roseiras que não resisti e comprei, procurei ficar dentro das cores: vermelha e branco, se bem que comprei uma roseira rosa pálido, porque simplesmente adoro.
adoro regadores vintages, gaiolas de passarinhos, casinhas de passarinhos, e anão de jardim...tenho que comprar um novo, porque abandonei o anão na casa velha |
com sol tudo fica mais bonito, e 'caliente' |
um lugar 'no' sol |
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essa é a pergola que eu quero ter no futuro, mais uma cadeira de balanço, e uma mesa de pic nic |
esse é o canteiro novo, eu removi as pedras e plantei o Jurgen fez o arremate, ficou bom. |
ainda vou comprar mais terra e plantar mais algumas plantas já cultivadas |
nada como olhar pra diferentes tons de VERDE que te quero verde |
mais duas roseiras...que serão plantadas nesse final de semana |
Sou amadora ainda...mas a cada ano aprendo ainda mais como plantar, onde, quando e os cuidados que devo ter em todas as estações.
Ficando de fora as plantar de interior...mas o que eu acho mais importante, é ficar mexendo com isso, esqueço completamente de tudo ao redor, só páro para uma pausa pra beber um bom chá e colocar as pernas pro ar, uma terapia e tanto, já que sou uma pessoa super mental, e isso me acalma muito.
O resultado demora anos, eu sei que esse meu quintal é até uma piada pra quem realmente tem um JARDIM, mas pouco importa o tamanho agora, o importante é que nas próximas primaveras e verões, eu tenha verde e cores pra olhar e tempo pra sonhar, ler, fazer nada, somente colher os frutos de um pequeno trabalho.
E nas próximas estações frias de outono e inverno estarei ocupada no resto da casa, fazendo uma mudança aqui e ali, escrevendo, na internet, cuidando dos meus queridos filhos que também como eu, tiveram uma infância em casa, não tão grande como a da minha infância, mas o país inteiro é um grande JARDIM na primavera, e esse pertence à todos.
1 comment:
Que delícia de post de primavera! Eu tenho uma biblioteca, só falta o jardim...cuidar de plantas também é muito terapêutico, né?!!
Nos (re)veremos em breve! Quero muito conhecer seu jardim e sua nova casa.
Tot ziens!
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