Thursday, February 2, 2012

Fumar é ainda sexy?



Preciso parar de fumar (um dia), que dia? Ainda não decidi.
Gostaria que fosse um belo dia. Decisão tomada, parei e pronto, nada de remédios, nada de pastilhas, adesivos, acupuntura, nada...e ainda por cima não engordar, e não sentir vontade de fumar, entrar pra o time de ex-fumante da noite pro dia. Como? Fazendo uma promessa.

A pele agradeceria, o pulmão...o fôlego, a saúde em geral, a minha reputação como vitoriosa, porque realmente, parar de fumar para um viciado em nicotina, é uma vitória.
Às vezes tenho vergonha de fumar...me escondo, fumo quando não estou perto de escola, ou de não fumantes (eles me julgam com aquele olhar "ela ainda FUMA"), não fumo antes de um "encontro/consulta" importante, tenho vergonha e pronto, não fumo andando de bicicleta (coitado do coração), escondi de minhas alunas de yoga que fumava quando dava aula de yoga (elas nunca perceberam), não fumo de luvas (passo frio mesmo), me sinto rebaixada, viciada e prostituída diminuída, burra, com a alma vendida aos grandes fabricantes de tabaco, do século passado aqui na Holanda um maço de cigarro é caro, e se for ver bem, eu dou 3 baforadas e jogo fora, puro desperdício de dinheiro, muitos fumantes dizem que eu não fumo, mas eu bem sei que fumo, sim...e estou vivendo (na dúvida, entre parar de vez, ou mandar tudo às favas, até chegar o dia D).

Sei sei, não fumo dentro de casa...não suporto fumaça de cigarro, gente fumando em lugares fechados, acho um nojo, passo mal, argh...sou uma fumante sensata e tenho consideração com não fumantes.

Mas tem outra versão, a versão realista, com amigas (fumantes), saímos pra beber, no verão Prosecco, no Inverno Prosecco...e dá-lhe cigarro, risadas, conversas calorosas, pois a vida já é dura o suficiente, e quem garante que iremos morrer de câncer? E quem garante alguma coisa, não nos sentimos meras "estatísticas"...conheci gente de 94 anos que fumou e morreu, outra de 18 que nunca fumou e morreu, ainda fumo e me deixa criar a desculpa que quiser, o pulmão é meu, o dinheiro...e fumar é sexy (na foto), desculpas, desculpas e mais, desculpas, vício não é brincadeira.

Dane-se, porque muitos fumantes são pessoas diferentes...mais ousadas (mais burras, arriscam suas vidas), interessantes (aparentemente), fumar é sexy...(os dentes ficam amarelos, a língua mais suja, o cheiro dos dedos mais fedidos (é só lavar mais as mãos), e o da roupa então, dos cabelos, a pele mais seca, fica escamosa, dá-lhe cremes) uma boa pegada com mãos e cheiro de nicotina,..., claro, eu faço parte desse time, seria hipócrita não gostar de homem fumante. Cada um sustentando o seu próprio vício, (que mal tem?), muito mal, poderiam usar o dinheiro pra viajar.Admiradores da lua (qualquer uma) numa noite fria de inverno (se o céu não tiver encoberto), e no verão, de preferência ao ar livre, adultos, um homem e uma mulher, dois amantes, dois fumantes...o cheiro de amor e nicotina, dividir o cigarro (não gosto muito, mas acontece), na praia (claro, não combina com natureza, nem com água do mar, da lagoa, da piscina), não somos perfeitos,  mãos, me passa a toalha, seco as mãos... dane-se também...o Universo é vasto, não se fuma mais dentro de lugares, ao ar livre...Vamos fumar lá fora? Que romântico...até o primeiro parar de fumar...
Estou esperando alguém, eu fumo...(me enveneno).

Ultimamente esse é o meu lado bi-polar...continuar a fumar, esperar que um raio caia do céu, e diga: Pára agora!!! Continuar a dar dinheiro pra cooperar com o capital das grandes empresas, corporações até, ou parar de fumar como uma boa yogini, porque pareço uma má yogini, óbvio, eu sou... dar bom exemplo aos meus filhos (meu filho simplesmente não entende minhas desculpas), ser careta total, pois não fumo maconha, bebo socialmente vinho tinto nas refeições, oops jantar, um cálice é bom pro sangue, pro coração. Bebo vinho tinto desde criança, e de lá pra cá são 51 anos, uma boa idéia, e seria uma ótima idéia, parar A-GO-RA... mas e o medo de ficar gorda, a necessidade psicológica de levar algo à boca que estou ciente que terei, o nervosismo e o criticismo de uma ex fumante (sempre fui contra o cigarro, até quando comecei em 1986), criando a desculpa do cigarro como companheiro, muleta, na solidão, no desespero das más notícias, recaídas, seria o cigarro o verdadeiro vilão? Não, é o vício.

Gente que fuma é burra e pé de chinelo...bom, ex-fumante, espero que não seja, porque a Rainha Beatrix parou: leia aqui.


Parar, seria muito mais fácil, me sobraria mais dinheiro pra gastar com coisas boas, com eventos interessantes (como assim? sem cigarro? devem existir),  e o prazer de fumar com amigos, rir, depois de um café? Copinho na mão. O prazer misturado com vício, e vida social, alívio de tensões cotidianas (a yoga não basta?) hoje em dia os fumantes vão pras sacadas, se locomovem numa festa, lá dentro os não fumantes não ousam a ir à espaços frios, com temperaturas negativas, não dão uma pausa, não visitam quiosque de cigarros e revistas, não trocam idéias com os donos da bancas sobre amenidades (claro, o cara precisa faturar0, sobre a vida longa ou não de isqueiros, sobre o aumento do cigarro e os impostos, as proibições e novas leis, o assunto iria diminuir, porque diminui...não será mais necessário comprar cigarros, se comunicar com essas pessoas, a garganta agradece, adieu. Me dá um maço de marlboro? Vermelho ou Light? Por favor um L&M de € 5,50! (mais barato que o Marlboro). The end.

Poucos fumantes de hoje em dia têm piteiras ou fumam com elán (a coisa tá ficando vintage),  eu tenho duas, uma de boqueta de ouro, e outra ganhei de presente do extravagante (ex) editor Pedro Paulo de Sena Madureira , com quem tive o privilégio de conviver na boêmia (pronuncia-se bo-ê-mia, não esqueçam) de São Paulo nos anos 90, ele claro e seu cara metade Carlos Henrique. Pra mim ele era uma figura mítica na noite e só, só? Sempre vestido como um dandy de gravata borboleta, sempre com aquela piteira na mão ou nos lábios, que ganhara de presente de  Marguerite_Yourcenar.

Como parar de fumar? Como fazer que nem meu pai, que aos 40 anos parou, parou...de sopetão, começou a chupar balas de menta dizia, cada vez que dava vontade, daquelas clássicas de papel verde, antes muito antes do Halls menthos-lyptus entrarem em ação no mercado...aquele chuá na boca...
Papai contava esse episódio com um certo orgulho cheio de modéstia, pois não era dado a se gabar sobre o vício do tabagismo, chegara um momento que ele dizia que não podia mais conversar com as pessoas, a vontade de fumar era tanta, que ficava se tateando, até achar o maço...e a concentração na conversa era parca, o que acarretava uma situação desconfortável era o ano de 1957, ano que o cigarro era símbolo de charme,  prazer, status...e fumar era permitido, em todos os lugares, até nos hospitais, para mulheres era símbolo de emancipação, para homens masculinidade, amenizar o nervosismo. Minha mãe nunca fumou, imagino a cena, ela pedindo pra ele parar, dar bom exemplo (quem sabe?)...mas e a minha cintura? Ficarei mais Sponge Bob Square Pants (cintura quadrada), quantos quilos eu vou ganhar, não quero ganhar nada, quero só deixar de fumar, que nem fez meu pai.

Não me orgulho de fumar (estou me repetindo) seria muita burrice minha fazer apologia ao uso e vício da nicotina nos tempos de hoje, apesar de saber que nem tanto ao sul, nem tanto ao norte, usar tabaco é muito antigo, é um vício social ("eles" viciam a gente), e só faz mal a pessoa que dele seu uso faz (se a criatura fumar longe de crianças) e não jogar bituca em tudo quanto é lugar, chiclete faz até mais sujeira e custa mais pra limpar as ruas (desculpa).

Enfim, voltando à promessa, seria a minha própria palavra, sou uma pessoa de palavra, e me cobro. Eu versus Eu. Eu (que fiz a promessa) vs Eu viciada...quem vencerá?

Prometerei parar oficialmente à mim mesma, nada de promessas à santos, deuses, orixás...nada de cunho religioso, fanático, nada disso, no caso de algo acontecer...(uma dádiva dos deuses do monte Olimpo, ou Forças cósmicas, ou até telúricas = algo importante e significativo)... Uma promessa simplesmente, que é como uma dívida a cumprir, o compromisso, o método, meu método.

Ainda não é oficial, sei que preciso, sei que será melhor pra minha saúde, pros meus dentes, pra minha pele, pro meu bolso, sei que me policiarei, sei que virarei uma chata de galocha (normalmente um ex fumante é mais chato que não fumante, é e pronto), sei muita coisa, arrancarei meus cabelos, só não sei ainda como será o período de abstinência mesmo...e nem o dia.

A promessa ainda não foi feita...deixa lá eu dar umas baforadas antes, pois só de falar em cigarro, me dá uma vontade louca de fumar. Quem viver, verá.






A tranquilidade das manhãs de domingo

Na verdade a manhã se passou, a manhã de domingo. Acordei antes do despertador. Não acho ruim, com essas musiquinhas bacanas de celu...