Saturday, March 10, 2012

Paralisia do sono e crenças pessoais

Já se passaram alguns dias desde a minha primeira(?) experiência de Paralisia_do_sono. A paralisia do sono é um distúrbio do sono muito comum, mas nunca tinha acontecido comigo, nas minhas aventuras oníricas, já tive sonhos premonitórios,  já vi meu corpo levitar, ir até o teto enquando o corpo estava deitado na cama, e eu me olhando lá de cima dormindo. Já tive pesadelos horríveis (assim como todo mundo), já tive muitos sonhos eróticos (como todo mundo), já tive sonhos lúcidos (no futuro próximo quero me aventurar nesse ramo), ...sonho e adoro, normalmente lembro de meus sonhos, mas é só acordar e perceber: um sonho é apenas um sonho, nunca tem sequência.

Dizem que a metade da população do planeta têm ou terá, pelo menos 1, 2 vezes na vida um episódio de paralisia do sono, quem viver verá, se você que está lendo isso nunca teve, sinta-se avisado, é pior que pesadelo, muito pior, é um pesadelo acordado, e a diferença que percebi (antes de saber sobre o assunto), é que os pesadelos sempre têm um final feliz (a gente acorda antes de se esborrachar no chão por exemplo ou antes que o monstro horrendo faça a gente em picadinhos), na paralisia do sono não, pânico e pavor permanecem presentes ao acordar,  a única alternativa é se informar, saber que é um dos distúrbios do sono, que tudo está na nossa cabeça.

Antes de continuar, gostaria de dizer que se você não tem nenhum interesse por onirismo: interrompa essa leitura, siga ao próximo blog, antes que você leve uma surra. Quem avisa amigo é!

Vou dar meu relato pessoal (abaixo) e quero dizer de antemão como ele se associa com minhas crenças pessoais inconscientes, normalmente os sonhos na paralisia do sono estão associados com a cultura dos povos (oriente ou ocidente, povos primitivos, suas religiões e crenças) que podem aparecer em forma de alucinações = fiz uma pequena pesquisa (afinal teria que dormir na mesma cama), não sosseguei enquanto não achei uma resposta aceitável (para poder dormir novamente) e escrevendo agora nesse blog, estou dando mais ênfase à esse assunto e espero que isso não seja processado no meu não-consciente, afinal não quero ter outro tipo de sonho como esse tão cedo), apesar de saber que dificilmente terei a mesma experiência, e dessa vez estarei preparada com algumas dicas básicas que aprendi. Li bastante sobre o tema e vi que as diferentes crenças são evidenciadas nos relatos de distúrbio do sono da maioria das pessoas. Li relatos de pessoas em blogs e sites científicos e não científicos, (de vários cantos do planeta), li muita bobagem relacionada ao tema é claro, por ignorância, fiz a triagem do joio e do trigo, li em português, inglês e holandês (os relatos se assemelham independente dos idiomas), ainda não li livros relacionados ao assunto, dois deles me interessam: O livro tibetano dos mortos e o livro de /Sleep-Paralysis-Night-mares-Connection-Anthropology de Shelley R. Adler encomendarei assim que possível, tenho um fraco por minha vida paralela, por meditação e estados de consciência, e muita coisa que diz respeito a essas viagens inter galácticas de nossa mente, tudo que me ajuda a interpretar minha vida, meus anseios, a superar meus medos mais profundos, tudo que me acorda e me interessa, curiosidade é o que nunca me faltou.

O que sempre me fascinava no mundo onírico, é que não temos controle de praticamente nada, não podemos planejar passo a passo, não podemos limitar as coisas e eventos como o fazemos quando estamos acordados, mas eles nos ajudam muito a lidar com a camada mais tênue entre a consciente e a percepção, a intuição dando direções à uma vida mais verdadeira, na incansável busca do (auto)-conhecimento e recentemente descobri que sim, podemos sim fazer um treinamento para termos e identificarmos um sonho lúcido, e a até a paralisia do sono abre essas portas, mas isso deixarei para outra postagem.



Para relatar o meu sonho, preciso com antecedência me ater a um fato muito importante do meu passado (o meio em que nasci, o cenário; Brasil Católico, mãe católica, colégio de freiras, frequentei coral de Igreja, etc), participei  das crenças de meu povo ativamente (feriados santos), vamos rir um pouquinho minha gente (risos). Não questiono mais isso, são fatos. Paralelo à isso sempre surgiram dúvidas desde pequena aos dogmas do Cristianismo (Espírito Santo, Virgem Maria, Ressureição de Cristo, os mais comuns), mesmo sendo OBRIGADA a acreditar nessa doutrina, nesses dogmas, eu sempre questionei calada, (ninguém obriga ninguém a acreditar em nada realmente), acreditamos no que queremos acreditar. E mais tarde depois no budismo que pratiquei (já aqui na Holanda) sendo que a filosofia budista sempre me atraiu, abro parêntese para dizer que não considero um mal (não podemos mudar o passado), apenas entender os fatos e relacioná-los ou questioná-los à luz da razão. Ser ou não religioso é um rótulo que carregamos, cabe a cada um saber de si, ao longo de nossas vidas, quer aceitemos isso ou não, a etiqueta externa (religioso, ateu, agnóstico, seja o que for), e há um certo rótulo interno (digamos que exista uma determinada lavagem cerebral feita no passado), que mesmo ao refutarmos essas experiências passadas , ficam elas lá latentes. As imposições vêm do externo, de fora para dentro, e assim nossas crenças vão se manifestando sem nos darmos conta racionalmente, sendo implantadas na nossa consciência, o mesmo que implante de cabelo (a pessoa é careca mas tem um cabelo postiço), mas no fundo ela sabe que aquele cabeça é ilusão, ele pode sonhar que esteja ainda careca,  a prótese de silicone seria o mesmo exemplo. Na tenra idade (infância), esses são conceitos vindos de fora, também valores (de fora), como bem e mal, o bem e mal é relativo. Já o que se manifesta na camada interna (inconsciente/subconsciente) mesmo que isso não seja consciente pela maioria, não temos controle, o que se processa é simplesmente processado, misturado, triturado, nonsense, até comum num universo onírico. Não estou e nem pretendo provar nada científico ou dizer que foi uma experiência espiritual, apenas quero exemplicar minha experiência pessoal, tentando ser mais clara e racional possível. Não quero questionar religiões, nem fé aqui (hoje).


Rezar pra mim sempre considerei uma forma de proteção, e de pedir coisas, assim era quando pequena, para dormir com os anjos tinha que rezar. E os pedidos: Eu prometo ser boazinha se conseguir passar nos exames, conseguir o que quero, e essas coisas, bem como me livrar dos males (de todos os tipos) do diabo, dos monstros ou pessoas ruins, foi me ensinado que era pra rezar aos mortos, senão eles não entrariam no céu (ameaça) isso na infância, fui crescendo e as orações eram para ajudar os doentes, proteção, etc,...quando pequena achava que rezar era muito chato, porque eu começava e caia no sono, quer dizer, às vezes não tinha tempo o suficiente de fazer o sinal da cruz (do final) pra fechar a oração, e esperava não passar nem pelo purgatório, porque afinal quem quer ficar num lugar ermo de pessoas chorando e rangendo os dentes até se redimir de seus pecados? (todo o cristão depois dos 7 anos é um pecador). Eu sempre tive mais asco da idéia do purgatório, porque sabia que era muito boazinha pro inferno, afinal não tinha cometido nenhum pecado mortal, só venial, ou seja, ia ter que passar pelo PURGATÓRIO. E outra, por anos a fio, em Porto Alegre, cada vez que passava na frente de uma igreja, fazia o sinal da cruz, às vezes eu tinha vergonha de fazê-lo, mas como boa católica (era obrigada), e se alguém me pegasse e me culpasse: passou na frente da igreja e não fez? Seria pecado, e teria que me confessar, e a irmã ia dar nota baixa por comportamento, vai saber o castigo. E quando o fazia (na presença de alguém não tão católico assim, faziam troça da minha cara (não era cool). Até que um dia (nem lembro quando), desisti e larguei de mão aquele martírio, daqui por diante, não faria mais o maldito/bendito sinal da cruz ao passar na frente de igreja, assumi a responsabilidade.

Crucifixos e adornos eu sempre gostei (aliás adoro cemitérios, cenários lúgubres e cinzentos), eles significavam que os vampiros, demônios, ou qualquer forças malévolas que fossem se apoderar de mim, sumissem pra bem longe (sempre fui fã de filmes de terror). Pensando de outra forma, o escudo de proteção invisível da nave Júpiter 2 (Perdidos no Espaço, minha série favorita), o anel pra chamar Shazan surtia o mesmo efeito, a réstia de alhos, as balas de prata (onde achar, e lá criança carrega armas de fogo?), o taco de madeira fincado no coração (essa proteção contra vampiros achava muito lerda), armas protetoras contra o mal, sem esqueçar a LUZ (do sol).

Os anos se passaram e eu vim morar na Holanda, já como católica não praticante, e aqui na Holanda no geral as pessoas não são religiosas,  já foram protestantes (a percentagem existente é mínima), os estrangeiros constroem seus templos, suas mesquitas, suas igrejas, e a religião protestante (e pequena parcela católica está em extinção) há claro comunidades religiosas, sectos, e uma finita e considerável população New Age.

Lá pelo ano de 2002 se não estou enganada, tive uma introdução ao budismo numa reunião levada por um amigo ( shakubuku) , e gostei muito porque estava tentando aumentar meu círculo social, e lá encontrei pessoas bem legais, italianos, holandeses, japoneses, e gostei da atmosfera pois fazíamos reuniões nas casas das pessoas (fiz várias na minha casa), fazíamos chanting juntos, e conheci pessoas que sou amiga até hoje. Acontece que a São Tomé aqui, continuou sendo São Tomé. Me identifiquei por uns tempos com a filosofia budista, de outro lado, não pude negar minha consciência martelando, no budismo a igreja era disfarçada, e até o pior, o problema é sempre o mesmo, os tais fiéis (querendo resolver os seus problemas) e assuntos desnecessários ao redor, fé inabalável devemos ter em nós mesmos, e no livre arbítrio do que é bom pra nós e ponto final.

Ai Meu Deus, ai meu Buda (qual deles?) que dilema, e de repente estava até podando meu vocabulário, uma confusão mental, e resolvi ser sincera comigo mesmo, e abandonei a etiqueta das duas. Não sou NADA, não quero ser nada DISSO, me deixem em paz. E me tenho paz até hoje.

Relato:

Deitada sozinha no lado esquerdo da cama (de casal = meu lado), no meu próprio quarto de barriga pra cima, tapada com os meus edredons normais (cobertor extra), apenas com a cabeça de fora. Sinto um perigo eminente (estou de olhos abertos), o perigo toma proporções maiores, terror, pavor, medo, ameaças, e eis que sinto e vejo a figura de uma mulher magra ao lado direito de cabelos brancos semi longos desgrenhados, perto da guarda da cama (acho que é minha mãe morta, mas minha mãe não era magra, e seu cabelo apesar de branco sempre estava arrumado, fiquei na dúvida), peço ajuda mentalmente pois ela como mãe e morta vai me ajudar, o perigo está no ar e é apavorante, mas ELA NÃO ME OUVE, porque estou muda (o pedido de S.O.S. foi só na minha cabeça), da minha boca não sai nada, absolutamente nada, só no meu pensamento, e ela vai embora, nem sei se era a minha mãe ou não *, afinal minha mãe me remetia a um semblante de bondade. Me sinto abandonada, ameaçada, apavorada, ela foi embora, não percebeu que estava em perigo, ou não quis me ajudar só ficou ali, me olhando, tento fazer o SINAL DA CRUZ (não tenho outra saída, no meu sonho sabia que aquilo era ridículo (lucidez), uma apelação, mas era isso ou a morte), mas eis que não posso me mexer (o meu segundo pedido de ajuda e proteção falha)...fecho os olhos novamente (questões de segundos de sonhos), abro novamente ESTOU ACORDADA (no meu quarto, na mesma posição) um pouco mais cinza claro (as paredes são pintadas de branco), mas estou dormindo e ao lado esquerdo (o lado que ainda estou deitada de barriga pra cima imóvel) está uma criatura masculina magra não dá pra ver direito suas feições (depois descobri que era um humanóide), acinzentada, careca de cabelos ralos, alguns fios, ele está sentado ao lado da cama (só posso ver o tronco, os membros superiores a cabeça e sentir a má intenção, e seu braço esquerdo está próximo de meu peito (por alguns segundos pensei que poderia ser um tipo de sonho erótico, tenho frio), mas seu braço parece que entra no meu tórax pra tirar minha vida, pegar meu coração, que pavor, fecho os olhos, isso é a morte penso (a única saída fechar os olhos), abro (pois não sei o que é pior deixá-los abertos ou fechados) e ele não está mais ali. Me sinto nesse momento, completamente em pânico (imóvel), acordada, como se no meu quarto estivesse 'cheio de assombrações' agora invisíveis, (essas duas pessoas mortas que apareceram no meu sonho) o que elas querem de mim? E eu muda e imóvel, paralisada, atônita e sentindo uma imensa dor (não física), medo, pavor, terror, morte, estaria morta? Penso ligeiramente nas crianças dormindo nos quartos ao lado, SOCORRO DIMITRI, SOCORRO DOMINIQUE, estou muda, eles não me ouvem, nunca tive medo de nada, moro numa casa de 3 pisos sózinha com as crianças, o que está acontecendo comigo? Acordo (dessa vez de verdade)  apavorada (o quarto é o mesmo), eles se foram, mas estou com medo de pegar no sono novamente (medo de me virar, medo de me levantar, pânico),  completamente angustiada. (fim).




A paralisia do sono é simplesmente um distúrbio do sono, nada mais que isso, agora eu sei, sabendo disso, desse tipo de sonho, estou acordada pra muitas coisas, que mesmo que eu não queira, ainda estão adormecidas em mim.Acordei com uma certa vergonha de ter feito o sinal da cruz (como assim não sou mais católica e não acredito em sinal da cruz) pensando ligeiramente (afinal estava em perigo), somente quando pesquisei na internet e dois amigos do Facebook me contaram o que era, fui pesquisar e aos poucos aprendi e entendi o que aquele tal Sinal da Cruz significava no contexto (achei exatamente a explicação racional desejada) foi-se a vergonha. Nossa mente é uma caixa de surpresas, que venham os pesadelos, os monstros mais bestiais da ignorância, as almas mais penadas e sobrenaturais, bem-vindo sejam os pesadelos mais obscuros, entre vivos e mortos arrastando correntes, agora sei que eles são fichinha, e têm sempre um FINAL FELIZ; paralisia do sono, não, o final feliz você tem que procurar por si próprio ao acordar, se informando sobre o assunto, senão, você ficará com medo de dormir no mesmo quarto, na mesma cama, de pegar no sono, tanto faz sozinho ou acompanhado, pois mesmo que você tenha alguém ao lado, ele jamais vai poder protegê-lo de si mesmo. E que venham agora os sonhos lúcidos, Amen.

* a mulher magra do sonho só pode ser Old Hag, vivendo e aprendendo.

** queria agradecer a esse blog português, obrigada.



4 comments:

Beth Blue said...

Nunca tive nada parecido mas acho engraçado a maneira como você mesma resolveu lidar com o acontecido e catalogar como simplesmente um distúrbio do sono.

Fui criado em igreja protestante, deixei de frequentar aos 18 anos e desde então só entro em igrejas para casamentos ou batizados. Contimuo acreditando num ser superior e me considero espiritualista. Estudei vários temas associados ao movimento New Age durante anos (e não apenas astrologia e tarô).

Lendo seu relato, eu que sou leiga já percebo duas possíveis interpretações...nenhuma delas seria simplesmente um distúrbio do sono, como você colocou no seu texto. Eu acho que se um psiquiatra lesseeste texto, sem dúvida teria uma visão bastante distinta da sua. Sonho ou paralisia, o pânico é a chave da questão. Consciente ou inconsciente, dormindo ou acordada, este ataque de pânico tem seu significado e você deveria tentar entendar o que eleestá querendo te dizee, de forma tão extrema - como um grito de ajuda!

A outra interpretação, que também não se encaixa absolutamente na sua afirmação "simplesmente um distúrbio do sono" seria uma visão espírita desta experiência...eu li muito sobre espiritismo e durante algum tempo até frequentei centro espírita na minha busca incessante por respostas. Mas como toda crença, você acredita ou não. E se você mesma já se definou como São Tomé, claro que seu lado racional só conseguirá digerir esta experiência como distúrbio do sono e nada além disso.

O que eu acho? Eu acho que a mais coisas entre o céu e a terra do que a vossa vã filosofia. Um dia a gente conversa sobre isso, assunto interessante!

Bebete Indarte said...

É sim, científico, nada de paranormalidades, tudo está dentro da cabeça da gente, todas as crenças, descrenças, medos, a paralisia do sonho é sim um distúrbio do sono (comprovado cientificamente), a interpretação e os relatos das pessoas envolvidas (inclusive o meu), sempre mostram as crenças dessas pessoas (que está no âmago do subconsciente), se a pessoa acreditar que era um espírito morto, ninguém vai tirar da cabeça dela isso, se acreditar que foi o demônio um alien seja lá quem for também (só que ela vai sofrer mais pela ignorância) a querer atribuir nomes e fantasia a coisa, tanto o demônio ou espírito está inserido no cérebro da pessoa.

Glauce Gomes said...

Vou resumir: a primeira vez que tive paralisia do sono foi aos 9 anos. Só com 30 anos é que decidi deixar o medo de lado e me entregar àquela força. Descobri o sonho lúcido. Um mundo de experiências fantásticas, vampiros, vôos, ensinamentos e sexo(!). Me casei e mudei de casa. Os sonhos lúcidos não são tão frequentes (fico pensando se o ambiente interferiu). Mas é fascinante. detalhe: minha filha começou a ter PdoS e dei uma aula para ela. Hoje ela tem sonhos lúcidos também. Cheguei a conclusão que deve ser hereditário. É uma dádiva! Bons sonhos lúcidos para vc, BBte!

elaine said...

Mas o que é "comprovado cientificamente"? Não seria mais interessante explorar o significado para você mesma e explorar mais a fundo? A ciência é relativa.

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