"Every man's memory is his private literature." A memória de cada Homem é sua literatura particular. Aldous Huxley
Thursday, August 7, 2008
M U G A R I R O
Férias, férias férias...não significa solamente viajar, para um país distante, mas sim aquele sentimento descompromissado de horário, rotina diária, a roda viva da vida.
Férias é estar assim livre das obrigações diárias.
Assim como eu estou agora. Sózinha sem meus filhos por quase três semanas. Eles no meu pensamento e no meu coração, sempre é claro...e já ouço o chamado de longe, mama mama mama.
Férias foi pintar o quarto dos meus filhos, a metade de azul celeste, e a metade cor de rosa...eles vão gostar, eu prometi, e eles vão na verdade adorar, de chegar em casa, e ver que a mamãe pensou neles e cumpriu o prometido, foi dar festinha em casa, ir a praia com amigas e cantar, beber vinho tirar fotos...torrar no sol, sol(?) na Holanda.
Férias foi ir à uma ilha na Grécia no filme Mamma Mia. Nem sou e nunca fui uma grande fã do grupo Abba...mas as letras e música tomaram uma dimensão mais humana e artística no musical, recomendo, principalmente para mulheres na meia idade como eu, que daqui há dois aninhos completarei meio século de vida, alive and kicking. e falem o que quiser, gosto de Meryl Streep, e a ilha onde o filme foi feito, é reallllllllmente um luxo, digo, um paraíso, se você não depender de cadeira de rodas claro, e falando a verdade não gosto muito de musicais, mas gosto assim mezzo-mezzo, quando se canta e fala, e tem filmes que tem de ser musicais, porque senão ficam muito dramáticos, pesados, chatos.
Dominique é um nome - modéstia a parte muito lindo que dei a minha filha. Acho que se tivesse 10 filhos, os 10 teriam nomes lindos, não que seja fácil dar nome a filho, foi muito difícil escolher.
Dominic Benhura foi uma surpresa pra mim na exposição "My world Mugariro" de esculturas de pedra, no idílico e magnífico Hortus Botanicus da minha cidade, que foi fundado em 1560, imaginem que vieram 50 esculturas, umas gigantescas da África, até aqui na Holanda.
Anos atrás pela primeira vez, pude ver na estufa a nossa Vitória Régia, que nunca havia visto no habitat natural, Jardim Botânico a gente diz né?
Particularmente não gosto muito de esculturas junto com natureza, elas roubam um pouco da essência da natureza, mas no caso de Dominic que veio do Zimbabwe, achei que acrescentou um ar alegre entre as plantas, jardins e árvores e também pude perceber a maneira que ele retrata o laço entre mãe e filho, visto que viveu no orfanato, mas hoje em dia é pai de cinco crianças, e é da minha geração nasceu nos anos 60, digo 1968...hehehe.
A figura materna, as crianças brincando, é sentida em suas esculturas, e eu sou assim, quando gosto de algo, gosto no primeiro momento, não pelo detalhe, ou originalidade, mas a emoção que sinto e isso senti em Dominic. E ter vindo da África também faz com que seu trabalho seja mais interessante ainda. Ser artista famoso, da África, e claro negro, e poder viver de sua arte, sou um pouco esquerdista com isso, acho um saco, aquela coisa...Nova Iorquina de ser artista plástico, como se só em Nova Iorque tivesse artistas, bábábá...ou aqui na Europa, todo mundo com diploma na mão, mas arte mesmo??? Where? Virou negócio...auto-promoção, não gosto disso NAUM.
Se eu tivesse dinheiro, nem saberia qual escolher, pois são praticamente todas lindas, confiram no site.
Dálias, dálias, dálias...na minha casa na Visconde Duprat, eram as flores que predominavam, bem como as hortênsias azuis, margaridas, e o enorme cactus verde amarelo na fachada da casa. No hortus encontrei também uma exposição de dálias e cactus do México, e alguns da Nova Zelândia...nem sei se um dia vou poder visitar esses países. So many men so little time...mas sorte que existem esses jardins, patrimônio de todos.
E como é bom estudar (no meu caso hatha yoga) na grama verde imaculada e fofa, sou assim quero saber todos os termos em sânscrito, ou quase todos, sem cacos de vidro (como uma semana atrás cortei o joelho na prainha, como se o Fred Kruger tivesse usado suas navalhas). A beira do Witte Singel - um dos canais mais lindos de Leiden, que pra quem não conhece, vivo dentro dos Singels (canais) como se vivesse numa ilha...é, vivo numa ilha, rodeada de água por todos os lados, e várias pontes, cada uma tem um nome, e demorei pra descobrir isso.
É preciso saber nadar por aqui na Holanda. E meu joelho ainda está inflamado, talvez porisso que não suporte plásticas, demoro pra cicatrizar, e quem me garante que o efeito fique melhor do que é agora?
Amigo em Ibiza pela primeira vez, me escreve via torpedo (vixi que termo feio), dizendo que Ibiza é festa, 24 horas por dia e meu cartão postal está a caminho, será o segundo de Ibiza, é bom receber mensagens de longe, principalmente naquela grama verde.
Hoje mais um dia, repleto de água lá fora, chove tanto...na verdade não tenho nenhum plano, fora minha aula de yoga quase diária, arrumar a casa, os papéis, ler os trocentos emails diários, e como chega lixo, que não estou interessada.
Colocar em ordem o que está em desordem, curtir meus últimos momentos, comigo mesmo.
Acabei o livro de Lya Luft - Perdas e Ganhos...mas fico feliz que pelo menos terminei um livro, normalmente não consigo me concentrar pra ler, o dia rodeada de pipocas (filhos e amiguinhos)...e como criança tem energia, frescor, são cientistas da vida, plantinhas racionais, crescem crescem crescem tão rápido...e quanto a nós, temos que nos cuidar pra não ficarmos vazios, nos divertirmos com nossos próprios sonhos, objetivos e experienciando nossas perdas e ganhos como bem diz a própria Lya e querendo sempre mais, até o último sopro como diz a Mevrouw que eu trabalhei como voluntária, ela perdeu o marido, não tinha filhos, e a mãe ficou demente com mal de Alzheimer, duro, viu?
Minha mãe sempre dizia: que saudades que eu tenho quando vocês eram bebês...hoje vejo nas fotos, e também quero fazer com que os momentos de antes, quando eles eram menores, ficassem um pouco congelados, mas não dá. Apesar do trabalhão que os bebês dão, é como se fosse bichos de estimação, mas quando crescem viram pessoas, e ai temos que aprender a ser professores, educadores, mentores, etc etc...ou simplesmente pano de fundo, na vida deles, portanto, viver o agora, e ter os papéis de mãe, de mulher, de indivíduo devem ser separados, para não se ter surpresas desagradáveis no futuro.
Eles crescem, e a única coisa a fazer, é criar a confiança suficiente, para que eles sempre contem com você, e queiram de vez ou outra voltar pro ninho.
Não fui à Grécia, nem Ibiza...mas me sinto feliz e energizada o suficiente pra curtir os Kung Fu Pandas, Tartarugas Ninja...Puccah...Happy Meals, batatas fritas, escorregador de piscina, DS Lite, DS...Mario Bros, Totally Spies, Winx Club, e essas coisas inventadas para nossos pequenos guerreiros.
Vivenciei o mundo de "Mugariro" nas férias, que pode ser em qualquer lugar.
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2 comments:
Nossa, que delicia de texto, tao suave, calmo, deu mesmo uma sensacao de ferias e relaxamento... quando a gente esta de bem com a vida nao precisa de Grecia nem de Ibiza, o sol está dentro de nós.
XXX/A
Oi, querida!
Adorei este post...
Me identifico muito com vc. Principalmente em relação às crianças. Entendo perfeitamente!
E suas férias, pelo visto, devem ter sido ótimas. Seu astral está nota 10.
Lindas estas esculturas, hein? E que lugar calminho e agradável!!! Depois coloca fotos de Leiden e seus canais pra eu conhecer. Fiquei curiosa. ;D
Bjsssssss
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