Wednesday, October 1, 2008

Feiúra


Hoje eu não quero falar só da beleza, nem de estética de beleza, muito pelo contrário quero falar mais da Feiúra.
A gente pode até dizer que a cantora Amy Winehouse é feia pra xuxu, quando tá com muito problema com drogas, magra demais, esquisita demais. Não posso dizer que ela é linda, ela vai além do bem ou do mal, dos opostos da fachada, a voz dela é muito bonita, e se você não conhece o visual dela o que você acha?
Belo, né?
Fora que tem personalidade, doidinha e gosto de pessoa assim.

Tudo aquilo que a gente não cuida fica feio, corpo, casa, carro, bicicleta, telefone, móveis, guarda-roupas, filhos, marido, namorado...o feio de estragado, caíndo aos pedaços.
Vai estragando estragando, empoeirando, ficando russo (aquele preto desbotado) - que eu até acho bonito, mas preto é mais bonito preto.

A minha bicicleta nova, a segunda que comprei não escolhi pela beleza, escolhi porque estava em bom estado e pela praticidade, tinha garantia de dois meses, 6 marchas, e o preço de 135 euros, razoável...mas eu não gostei da cor, era azul marinho, e os para-lamas marrom...pra combinar azul marinho com marrom só mesmo uma amiga minha a Mayra (filha ou neta de japoneses), ela conseguia usar roupas dessas cores...ao mesmo tempo, e estar elegante, sendo que o tom de pele dela era o que neutralizava as cores. Mas a minha bicicleta durou exatamente, menos de duas semanas.
Nessa madrugada foi roubada, aliás eu nem sei se foi a noite, quando eu estava aqui envolvida num papo romântico com o "meu" Viking na webcam (dele).

Estava tão enamorada porque ele tomou a decisão de vir pra Holanda me visitar, e me conhecer pessoalmente, pra ver o que rolaria entre a gente. Fiquei tão feliz, que disse pra ele que ligaria pro meu irmão...mas quando acabamos o chat, era muito tarde, e o meu irmão não atendeu, até achei que tava sonhando, tomara que não seja um pesadelo quando ele chegue.

Sabe aqueles momentos que você não consegue se conter, e quer dividir com alguém confiável, alguém que não vai "colocar a areia da inveja" e que também possa atender o telefone tarde da noite.
Pois bem: Liguei pra uma amiga A. que é uma pessoa sensata, racional mas ponderada entre esse racionalismo e a emoção,ligo raramente nos últimos dos tempos, mas é o tipo da pessoa de bem com a vida, que tem mais o que fazer pra ser feliz, e não encuca com essas coisas, e me deu uma boa acolhida. Missão cumprida.

Hoje, acordei e avistei o vazio no jardim/quintal - no local da bicicleta. OK, a outra foi roubada numa ruela das lojas, e estava com a chave...eu dei de presente pro ladrão, e ele saiu feliz da vida como se a bicicleta fosse dele.
Mas essa, estava dentro do meu quintal, que pertence a minha casa.

Minha casa não é minha...nem é meu este lugar...lembram da música do Milton Nascimento. E foi que a bicicleta não é mais minha, e no fundo a gente não tem nada, nada é nosso, ou se é, é temporariamente...
Achei que teve um pouco a ver com carma - a bici se foi assim, de mão beijada...não fechei o portão de trás a chave (raramente o faço), mas dessa vez ela pensou:

Você me achou feia, azul-marinho e marrom, e nunca iria me amar, e sim me usar...
Então eu vou pras mãos daquele que não tá nem ai, e vai me dar valor pelo que sou, uma bicicleta, e ainda vai ganhar uns bons tostões pra comprar heroína.
Sim, porque esse é o perfil de quem usa heroína.
Eles ficam no centro da cidade, rondando, andando pra lá e pra cá.
A dose que ganham não é o suficiente, de repente precisam de mais uns centavinhos, pra fazer uma festinha com outros junkies, com um pouco mais de quantidade, a viagem mais longa, uma vodka pra baixar a coisa, sei lá.
Eles tem que pagar um preço simbólico pra dormir, e ontem estava chovendo...e quem sabe ele precisava de dinheiro pra ele e pra namorada, pra dormir em algum lugar, que não estivesse molhado, vide que agora iniciou uma das estações mais molhadas e ventosas do ano, o outono.

Enfim, ela se foi.
Eu fiquei...aprendendo a lição, arrume aquele quartinho lá dos fundos, tire tudo que não é necessário pra fora, doe, venda, faça o que fizer e coloque a terceira bicicleta comprada hoje, da marca batavus, sem marchas, mais barata, mas mais charmosa dentro do quartinho das bicicletas. Perca alguns minutos, no tira e põe, mas continue cuidando dos seus pertences, cuide por causa dos ladrões, mas especialmente pra você, porque eles dão colorido a sua vida.

Eles não são feios...aquela se foi, se foi, porque a considerei feia, e era...mas também muito útil.
Tive que andar a pé.

Em tempo...esse blog tá bem feinho nos últimos tempos, tenho que dar um jeito nisso.

6 comments:

Annix said...

não creio que roubaram OUTRA bicicleta sua! Bom, quando as coisas se vão é geralmente pra abrir espaço pra outras ;)

Beth Blue said...

Bebete, que chato! Sei bem como é isso, vai tudo muito bem mas de repente aparece uma pedra no caminho (ou várias). Sua bicicleta foi roubada, minha viagem pra Paris cancelada e assim vamos (sobre)vivendo.

O importante é não deixar a peteca cair. Mas cá entre nós, tem dia que é foda, né?

beijos

Beth Blue said...

E vamos concordar: a Amy pode ter uma voz maravilhosa mas está super acabada, né? Live fast, die young...:-(

Bebete Indarte said...

A Amy tá na Chón ....e os invejentos querem que ela fique.
Mas ela tá até fazendo Daimoku sabia???

Anonymous said...

Na rua tudo bem, mas entraram no teu jardim?
Que absurdo anda esse mundo e a Holanda, depois do bafo do Teo, incluída.
Tenho ódio que roubem minhas coisas a não ser aquilo que eu acho "feio", rsrs.

Jaboticaba Preta said...

Gostei do teu blog.

Já roubaram minha bicicleta e tive que voltar a pé p/ casa. :(

Beijos da Jaboticaba

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