Wednesday, February 20, 2008

Olele olala



"Quem não gosta de samba, bom sujeito não é...
é ruim da cabeça, ou doente do pé"...

Mas se for tomar no sentido literal, eu sou ruim do pé...e doente da cabeça, mas não que a bipolaridade fosse uma doença, dessas que tem por ai...mas como explicar pras crianças?
Volta e meia eu digo pras crianças:
- Vocês sabem que a mamãe tem um probleminha no cérebro, na cabeça, na cachola, no côco como diz minha tia Aida.

E de vez em quando a Dominique me pergunta:

- Mama, gaat het beter met je hoofd.*
(mamãe, tá melhor com a cabeça?)

Ela deve comparar com "dor de cabeça", que tenho de vez em quando.

Mas ela sambou, digo, mesmo sendo doente ou ruim com o pé, quem diria...afinal tenho 25% de sangue indígena de uma tribo lá pelos lados do Uruguay, mas não sei o nome, e agora todo mundo já morreu, meu pai, a minha tia, meu avô...e a minha avó india CAMILA que se foi em 1920. Indio não samba, ele dança, e esse gen eu tenho, da folia, do fogo, da fome de viver.

Olelê, olalá...pega no ganze, pega no ganza??? É com Z?

Nunca fui de samba, apesar de gostar da "velha guarda", mas sempre fui de festa, e se é pra ferver e ganhar dinheiro, dar uma de palhaça, sorrisos, carão, pose...pode me chamar, que não existe melhor pessoa no mundo do que eu.
Trabalhar a noite sempre foi o meu palco, sou campeã da folia, de samba a música eletrônica, mas pelo amor de Deus, eu digo não às drogas, e isso significa que não suporto Axé e música sertaneja. AFFF, tudo tem limite, mesmo na minha festa.

A Lu do projeto Sorria de Amsterdã, sorriu e me chamou, indicada por uma amiga Helen(frequentadora do Massivo de São Paulo), que há anos mora na Holanda, em Amsterdã.

E aqui, de alguma forma e mais cedo ou mais tarde, esbarramos na "comunidade brasileira". Brasileiro foge de brasileiro, brasileiro procura brasileiro, brasileiro fofoca de brasileiro, puxa o tapete, se comporta bem e mal, se distância, se aproxima, briga, mas quando o assunto é festa, falar português, sair do armário, somos os primeiros a abrir alas, os primeiros pra prestigiar o sucesso dos próprios brasileiros, e que venham:
Olele Club
Projeto Coisas do Brasil - festas Sorria
Loja Patropi
Cabeleireiros brasileiros
Músicos
Capoeiristas
Organizadores de festival de cinema
Artistas Plásticos
Novos talentos
Nomes no meio acadêmico
Artistas, fotógrafos, diretores, negociantes
Restaurantes
Escritores
Modelos
Produto brasileiro
Mão de obra (barata???), você acha barato 15 euros por hora???
Enfim...

Confesso que tenho um nome e gosto a zelar pra mim mesma: Bebete Indarte, música eletrônica, etc.
Mas sinto que depois da virada do milênio o meio de campo embolou total, mesmo pra música eletrônica, todo mundo quer tirar uma lasquinha, e a coisa se ramidificou assustadoramente, ou seria um rio que passou em minha vida???.
A música eletrônica é boa, mas cada vez as pessoas estão abrindo mais o leque, e cada dia sinto a banalidade no ar e acima de tudo, todo mundo está correndo atrás da originalidade, do dinheiro, do conforto, das viagens, das TV's de tela plana LCD, como se tivéssemos vendido nossa alma ao diabo na lei do que vier eu traço.
E eu me julgava underground...mas de underground ficou só o nome, alternativo, acho que é tudo hoje em dia selfmade com advento da internet, vide MySpace, Youtube...minha filha de 9 anos, é fã do YouTube.

Hoje eu assisti um programa de hiphop na MTV, o judeuzinho, filho do cara que fez um hit "famoso" nos anos 70, Funktown, queria ser rapper de qualquer jeito. Mas o moleque não tinha o menor talento para, e tampouco confiança em si, fora que o visual branquela e com cara de bairro bom classe média alta Bar Mitzvá, só fazia os outros tirarem pelota do menino, em casa ou na escola, só a mãe do menino era fã dele, e qual mãe que não é?.
Até diria "coitadinho", mas por ter um rapper conhecido como coach, em 30 aulas, se transformou em rapper de verdade, e foi aplaudido até pelo Snoop Dogg Dogg ou coisa
do gênero, aquele escurinho magricela que parece um dobberman mais claro, de trancinha no cabelo, que tem fama de garanhão, comeu um monte de favelada no Brasil, só porque era o tal, porque te juro, o cara tem cara de fome.
Conseguiu...tudo. Participar do programa, aprovação dos colegas de escola, e do própria pai que era de outra generação quando talento, era não só ter técnica inata, mas quando não se precisava de suporte como videoclip, soap reallife, coaches, fazer propaganda da Nike, Coca cola, Red bull, etcetera etcetera.

Os tempos mudaram, já faz um bom tempo. E até eu trabalhei num carnaval, com música de carnaval, o coisibnha tão bonitinha do pai.
Pai de quem?
Mas pra minha surpresa, tocou aquelas marchinhas que sempre gostei:

- Quanto riso, oh...quanta alegria, mais de mil palhaços no salão"...
e outras contemporâneas a essas. Coisas do século passado.
E digo de carteirinha, foi um festão.
Até a marmelada daquela chapeuzinho vermelho ganhar a melhor fantasia, coisas de carnaval (pós) na Holanda.

E palmas também pra Escola de Samba Unidos de Amsterdã, com a bizarra participação, pra minha surpresa de muitos holandeses, tocando "tambor". Hilário, bizarro, e as muitas purpurinas jogadas por mim, os confetes e serpentinas - indispensáveis em toda a folia.
Faltou o lança perfume.
Mas tinha o caldinho de feijão, bolinho de bacalhau e outros quitures da Marília Senador, e os vários elogios ao meu outfit...a peruca roxa arrasou, abalou, tombou...causou, e até dançar de pés descalços dancei, as águas rolaram...

Folia total.
Sucesso de público.
E ser hostess no exterior é uma aventura, nunca se sabe o idioma da pessoa que passa pela porta, na porta é frio, os outros reclamam, mas eu não, nunca sinto frio quando estou trabalhando, me divertindo, me divertindo, trabalhando.
Lá fora deviam estar 2 graus negativos...e eu cantando.

Aláhla ooooooo, atravessamos o deserto do Saara, o sol estava quente e queimou a nossa cara....
Alahla oooooo, mas que calor ooooooo.
Até o ano que vem, ou quem sabe o Sorria + Two Stars inventem um outro micareta por ai...

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