Thursday, October 6, 2011

Nunca te vi, sempre te amei


Finalmente, depois de tantos anos conheci um amigo, que só conhecia via telefone, mensagens e por internet, e não é o primeiro.

O à Parri, paulistano que mora em Paris, e de lambuja o simpático gato de duas patas Richard, se pronuncia, Richár(d) também deu o ar da graça em solo holandês, francês da gema de Dijon, terra da saborosa mostarda que dizem que é importada do Canadá. P. por pouco não mora aqui na Holanda, porque até umas palavras de holandês ele sabe, e antes de morar em Nova Iorque (sim, o rapaz corre mundo), ele apareceu por essas terras aqui, mas acabou não ficando, e desde 2001 mora à Parri.

Se não estou enganada, conheço o P. desde 2008, quando ele timidamente apareceu num comentário no blog, querendo me mandar um presente, pois tinha lido a postagem eu quero chocolate.
Eu  lhe escrevi um email dizendo pra não me dar presente, mas sim me escrever uma carta. Ele me adicionou na rede social Orkut (nunca foi muito ativo) ou tanto quanto eu, e iniciamos nosso contato.

dois gatos de 4 patas
A carta se iniciou em fevereiro de 2009, e só me enviou em junho (mês do nosso aniversário), (ele também é geminiano), e não só me enviou o DVD do filme, como vários presentes que deixaria qualquer mulher com a pulga atrás da orelha, se fosse o caso, foi um grande ano aquele de 2009, lembro muito bem, ano decisivo na minha vida, ano de muitas mudanças internas, e novas experiências, ano que encontrei Pier (que fez um jantar judaico inesquecível pra mim de aniversário) em Londres, meu irmão também estava em Londres, encontrei Marcelo Albuquerque (que morou em Lisboa, mas já voltou pra São Paulo retornou à Londres, agora está em São Paulo novamente, ufa), Renato (amigo do Sérgio), ano que acabei meu namoro com o Coelhinho (o traste, parafraseando a falecida Charlotte Maluf), ano que fui ao Brasil com as crianças (como o planejado: minha amada São Paulo, Porto Alegre, Serras Gaúchas, e Florianópolis), bebi muito guaraná, comi muito doce de leite, fui à muitas padarias, vi muito verde, e essas coisas que se fazem estando em Terra Brasilis, um ano bem marcante na minha vida.

CD - jornais, revistas, mint do Shakespeare
Desconfiadíssima que sou, lá pelas tantas, chegou um pacote tamanho família pelo correio...mas sabia que nele poderia confiar, pelo teor da prosa que mantivemos nesses anos todos, a sensível e engraçada carta a prestação que ele escreveu em próprio punho (e que caligrafia bonita, raridade hoje em dia, as pessoas têm muito garranchos), um CD do Antony and the Johnsons (que pra dizer a verdade foi meu debut), uma mini champagne rótulo cor de rosa, bem coisa de menina, uma água spray pra borrifar o rosto, uma sacola (Le Sac) que uso até hoje pra fazer compras, uns milhinhos (coisinhas pequeninhas que eu AMO DE PAIXÃO), será que esqueci algo relevante?

Na última vez que estive em São Paulo em 2009, coincidentemente fiquei hospedada no meu querido anfitrião Cacá de Guglielmo, que mora na rua Luis Góes em São Paulo no bairro Vila Mariana, com os DD's, pra minha surpresa, à Parri. iria ao Brasil visitar a família (mãe), e não é que a mãe dele mora na mesma rua? Sim, desde o tempo da vovó dele. E ele estaria indo pra lá também no verão de 2009. Mas infelizmente, outro desencontro houve, pois estive no sul do Brasil também, quando ele estava chegando, eu estava partindo, ainda não fora essa a vez de nos encontrarmos, continuando essa saga.

Como ele vai todo ano ao Brasil, ano passado foi novamente, e me perguntou:

- O que você quer, cherri?

CD maravilhoso pra variar, conheci My TV is dead
- DOCE DE LEITE...apesar de que aprendi a fazer aqui, é só colocar umas latas de leite condensado na panela em banho maria, e esperar uma eternidade, na faixa de 3 horas ou mais horas, que fica parecido, na panela de pressão é obviamente mais rápido, mas não gosto de panela de pressão, uma vez vi um feijão preto em ação no teto da cozinha de minha casa, eu era pequena e fiquei olhando aquela chuva preta, que mais parecia um geyser, pra desespero de minha pobre mãe, cozinheira de forno e fogão.

aAno passado me mudei, depois de morar quase 14 anos na mesma casa, morei 8 meses na Haarlemmerstraat (rua das lojas), mas às vezes até esqueço. Saí da pracinha na Ververstraat, e vim morar na Uiterstegracht em Leiden, mas sem querer eu passei o número errado da minha casa pra ele, um algarismo.., por pura distração. E talvez até pensando, pára de me dar presente menino! Mas sempre adorando, quem não gosta desse tipo de atenção?

Tentando encurtar essa estória que até pra mim é cronologicamente confusa, em fevereiro estive quatro dias em Paris pra comemorar um 1 ano de namoro com o J., e achei que finalmente iríamos nos encontrar, mas ele pra meu desgosto estaria em Berlim :-(, ou seja, ainda não seria dessa vez, e dá-lhe mistério!
1 ano de namoro à Parri

o gatinho parisiense de 2 patas deles
No hotel recebi um pacote, o mesmo que houvera mandado pra minha casa nova (mas com o número errado), o pacote retornou à Paris, finalmente recebi o tal colis enviado por ele por uma amiga russa senão me engano, que foi até o hotel deixar pra mim, sendo que tinha até o tal doce de leite do Brasil, vários milhinhos encantadores, chás, bilhetinhos, cartão de visita fofo com um clips de gatinho, o hilário The_Book_of_Bunny_Suicides  e um pano de prato com crochê na borda (feito por uma senhora vizinha de SP da Luis Góes), tipo tia avó, mas nada de P. só 'coisas', e por mais legais que sejam, são coisas. Feliz e acabrunhada fiquei.

2011 - verão, ele estaria também na Grécia, mas em outra ilha, num workshop de dança contemporânea, e eu de férias sem os DD's. A coisa já estava até virando Pastelão, mas eu sabia, que logo o dia do nosso encontro não tardaria, já que tempos atrás convidei-o a participar do Facebook, pra facilitar nosso contato, e novamente ele não é lá muito fã de redes sociais (enquanto escrevo essas linhas ele estará no Japão, pela segunda vez, ou seria terceira?), vida interessante, super-cultural, meigo, fofo, o rapaz é viajado(odeio esse termo), e nem tem essa necessidade virtual, de profissão é jornalista, vive fazendo free-lance aqui e ali, faz sapateado, participa de saraus, borda, tricota, come farofa, cuida dos dois gatos, de 2 e quatro patas, ou seja, uma pessoa completa, e um amigo daqueles de alma.

aqui a foto mais inteirinha, a bateria da Cool pix acabou bem ai, pode uma coisa dessas?
2011 - setembro, dia 20. Marcamos  anteriormente via email por Facebook (também facilita a vida), pois ele estaria em trânsito no aeroporto de Schiphol por 4 horas vindo de São Paulo pela KLM, e combinamos de nos encontrarmos e finalmente deu tudo certo. Lá vem ele, com um monte de jornais impressos à moda antiga (Estado de SP, Folha de SP), doce de leite na palhinha, balinha de menta do Shakespeare, um CD maravilhoso envolvo em craft, feito por ele mesmo do Sarau de primavera em Paris, e a coisa mais importante, em carne e osso, e ainda por cima com o gato de duas patas, outro meigo, amado.

Ficamos conversando as 4 horas, lanchamos, tomamos café, quase nem deu tempo de tirar fotos, era assunto que não acabava, e Richard fala muito bem português com aquele sotaque carregado e cheio de charme francês...fiquei apaixonada pelos dois, nosso encontro foi simplesmente divertidíssimo, conversamos de tudo, rimos, e até quase choramos (coisas da vida), andamos pra lá e pra cá, e combinamos de nos rever em um futuro próximo. Irei à Parri, ou eles virão pra cá, porque ganhei dois amigos valiosos pra minha lista de amigos especiais, que cabem no meu coração que é bem grande, mas não é pra qualquer um.

Je suis enchanté! não vejo a hora de saber das novidades do Japão, e que os dois tenham uma boa, aliás excelente viagem! A bientôt...tot ziens gatinhos! miau...


1 comment:

Beth Blue said...

Bom demais quando essas amizades virtuais finalmente se tornam reais né?!!

Ou melhor, quando finalmente nos encontramos frente a frente um amigo querido que nunca antes havíamos tido a chance de conhecer!

São estórias como esta que me fazem acreditar que, no final das contas, existe algo de bom nas redes sociais.

A tranquilidade das manhãs de domingo

Na verdade a manhã se passou, a manhã de domingo. Acordei antes do despertador. Não acho ruim, com essas musiquinhas bacanas de celu...