Tuesday, May 1, 2007

As mães no picnic de lama


Hoje foi mais um dia "geslaagd" (bem sucedido).

As crianças estão de férias, e tarefa difícil é entreter crianças em tempo livre, mas como estamos muito afortunados nessa época do ano na Holanda, os dias estão lindos pra fazer atividades ao ar livre.

Ano passado sugeri em fazer um piquenique, e a moda pegou. Também porque na Holanda é bem comum fazer picnics, com aquelas cestas típicas, pano no chão e também formigas, ou com a bolsa que quiser, o pano que quiser, só não pode faltar muita comida e bebida, pra criançada, e pra nós "café"...(açúcar pra quem bebe com açúcar e "koffiemelk" leite concentrado pro café), claro chá e água também. No ano passado tinha vinho, porque a Diana (ausente este ano) estava fazendo anos, mas este ano ela não foi, trabalha. Nem a marroquina mãe do Hassan (nunca sei o nome dela), o pai faleceu no Marrocos e ela estava lá.


O parque escolhido foi o mesmo do ano passado, é no meio do bosque e ao lado de um grande canal, tem um lago cheio de brincadeiras e pontes de madeiras pras crianças brincarem de "Jerônimo" a vontade, só que tem um detalhe o fundo é repleto de lama, lamaçal, lodo PRETO, e claro eles ficam completamente cheios de lamas por todos os poros. Lavar a roupa depois é uma tortura...bom, ainda nem fiz...é quando sinto saudades do bom e velho "tanque"do Brasil que aqui entrou em extinção há muito tempo.


Nesse parque que fica nos arrabaldes da cidade, tem muito verde e também tem um sistema de água, que a criança bombeia e depois de um tempo a água aparece e passa por uma via crucis até chegar a lugar nenhum, ou seja uma poça enorme de lama.


É incrível como eles se divertem, até mesmo minha filha Dominique que gosta de brincadeiras femininas, ela entrou na guerra de lama, e eu de vez em quando intermediava, porque lama no olho do outro é refresco. E eles iam com uma "jangada" pra lá e pra cá...brincam com pedra, com paus, galhos de árvores, bichos, insetos...uma festa.


Lá também não tem WC, e lá fui eu a Maria Chiquinha fazer xixi no mato, o que é sempre muito engraçado, porque parece que vai aparecer alguém e rir da sua cara, por um ato tão natural, mas

tão privado, aqui na Holanda não existe latrina, o que é bem melhor porque "latrina" é coisa mais nojenta do mundo, cheia de mosca varejeira, e me pergunto quem limpa aquela coleção de bosta que ficam pelas latrinas no mundo afora.

É país pequeno não pode se dar ao luxo de ter uma coisa assim.

Sorte que já aprendi a identificar uma planta que queima"brandnetel"...em português seria "urticária", "urticão"? A sensação é horrível, e não some em quinze minutos, imagina sentar com o fiofó lá...


Fora as 3 holandesas, apenas eu (brasileira) e minha amiga Ade(Indonésia)...éramos estrangeiras claro, todas as mães que lá estavam têm muita coisa em comum. Há três anos que estou convivendo com essas mulheres diariamente, e nos conhecemos a fundo o suficiente pelos nossos filhos, nada pra nós é estranho, porque as crianças estão na mesma fase de desenvolvimento, pra mim é uma experiência peculiar, porque desde que meus filhos, e especialmente Dimitri foi pra escola "primária", meu universo aqui na Holanda se abriu, bem como a minha casa ficou mais cheia (de pestinhas mas ficou), meu telefone toca mais, tenho mais pessoas pra dividir meus temores, minhas saudades, minhas alegrias, conhecimentos, tudo isso sem fofoca, e várias atividades pra fazer mais condizentes com a minha vida de mãe.


Infelizmente Dominique está em escola especial (em outra cidade, longe) e o contato com outros pais são escassos, só de vez em quando. E ela vai de "táxi"(uma van) pra escola, e não faço o mesmo que meu filho, levo todos os dias, busco todos os dias...vejo as várias crianças, os vários pais toda a santa manhã, e a santa tarde.


Segundo uma amiga (que já tem filha grande de 17 anos), isso vai mudar no futuro, quando eles próprios forem pra escola sózinhos, e nós como pais ficarem pra segundo plano. Claro vai mudar, mas eu ainda não quero pensar, de uma certa forma, quando escolhemos pela maternidade, esquecemos ou desconhecemos o universo e dia a dia que está por vir, claro não temos bola de cristal, mas quando não tinha filha, jamais pensei que meus dias iam ser tão estruturados, acordar, fazer a mochila da escola das crianças, acordá-los, vesti-los (todo dia uma roupa conforme a temperatura lá fora), é dia da natação na escola, da ginástica, da aula de artes cêninas, é dia aberto pra levar brinquedo, dia do fotógrafo da escola, dia especial qualquer (páscoa/natal/SinterKlaas/aniversário, blablabla).



Pois é,

é a tal vida de mãe.

E dizem que "apenas" o segundo domingo de maio é o dia das mães.

Que piada.

Mas que o picnic tava engraçado e bom, isso tava...mesmo com a lama.

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